Buenas!Aqui estou eu, diretamente de Santarem, no Pará, em uma lan house fresquinha e carinha. Hoje já faz uns bons quinze dias que eu saí do maranhão e rumei para Belém, onde fui novamente recebido pela Bau e pelo Gusta, anfitriões buena onda (meu portunhol está avançando) e pacientes com meu estilo” desarrume tudo e ataque a geladeira”. Além do bom papo e de uma boa pizza, meu dia e meio em Belém foi surpreendido com um antepeasto de berinjela do gusta, muito muito bom. Pizza e berinjela, São Paulo também tem seus encantos.
Daí que fui pegar o barco para Santarém no outro dia, passei antes no ver-o-peso para dar um passeiozinho básico e bater papo com as erveiras. Estava precisando de algo bom para assaduras. Depois de conversar bastante sobre os poderes miraculosos das poções xóta-de-bôta, pó-de-macaco, espanta-sogra, perfuma –perseguida e outras tantas, duas delas me recomendaram uma pomada de farmácia, com direito a nomezinho científico escrito em um papelzinho e tudo. Vai entender...
Cheguei para pegar o lendário (eu ainda não sabia ) barco 11 de maio com tres horas de antecedencia. Quando via a embarcação já abarrotada (pensava eu), concluí que devia ter chegado antes. Inocente, ainda cheguei a pensar “será que ainda tem lugar” Mal sabia eu... Da hora que eu cheguei (15hrs) até a hora que ele saiu (23hrs) ia entrar muita gente ainda. Muita mesmo.o pior foi o seguinte, inspirado por uma coicidência, resolvi não armar a rede logo de cara. O causo se assucedeu da seguite forma:
São Paulo, algum dia perto do fim do ano de 2008, Bruno e Marcos (conceituado artista contemporâneo da cena paulistana) estão na cozinha da casa deles, conversando, fumando e tomando café. Marcos está contando, como já fez muitas outras vezes, detalhes de sua viagem de dois meses ao Pará. Em dada hora lá, ele começa a comentar de sua viagem de barco pra Santarém, da sorte que ele deu na hora de pegar a passagem o cara foi super simpático com ele e deu o toque dele esperar um pouco para armar a rede no andar de baixo, onde ele ia ficar mais tranquilo. Detalhe, o cara era gay. Daí o marquito contou que a viagem fói ótima, viajou embaixo em um lugar super espaçoso e arejado, do lado da cozinha, banheiro para poucos, enfim se deu bem. Bruno escutou a estória displicentemente mas ela ficou guardadinha.
Voltando à belem, la vou eu vendo aquele barco “cheio” e pensando como eu ia caber lá. Cheguei no cara da passagem, quanto é, como é o esquema , aquela coisa toda. Para minha surpresa o cara foi super simpático comigo, e vendo minha exasperação me falou para não armar a rede ainda, que iam abrir o andar de baixo e eu podia armar a rede em um lugar mais tranquilo, perto da cozinha, com banheiro para pouca gente... Detalhe, o cara era gay. Daí que naquele momento tudo se iluminou, era óbvio que estava acontecendo comigo uma feliz coicidencia, uma generosa obra do destino. Peguei o mesmo barco do Marquito!! Me dei bem!! Essa foi demais, a Amazõnia está estendendo seus braços para mim! É a mãe carinhosa tranquilizando seu rebento, retirando a aflição e colocando a traquilidade e o conforto em seu lugar. Que coisa boa! Puxa vida, imaginem aí, eu todo feliz da vida indo sentar calmamente em um banquinho latera do barco e, tranquilamente, comendo castanha e observando aquele povaréu todo contunuar chegando e armando suas redes nos lugares mais inóspitos e improvaveis daquele espaço. Bagunça, discussão, debates sobre peso e movimento dos corpos (sim meus amigos, é possível dois corpos ocuparem o mesmo espaço, eu vi com meus próprios olhos), gringos abestalhados, bebês chorandinho, um otro lá mais bruto já engrossano, os primeiras frase do tipo “ eu exijo meus direitos”, enfim, uma santa e brasileira baderna. E eu lá, no canto, com aquela satisfação interior me fazendo rir fácil, já de papo com um bombeiro (que, macaco véio daquelas viagens, corroborou a teoria do andar de baixo. Mas, nem precisava, as forças mística marquito-amazônicas já tinham sobrado todo indício de dúvida sobre minha boa sorte) e com duas novas migas que viajavam com suas filhinhas. Elas também já tinha sido devidamente promovidas ao grupo dos escolhidos que iria para o andar de baixo. Eu, um bombeiro conhecedor da região cheio de estórias, duas mulheres legais e boas de papo e duas crianças linda para eu brincar e fazer carinho durante o dia. Provavelmente viriam mais alguns, talvez um ou outro gringo assustado, uma família divertida, enfim, onós quatro (seis, as crianças sorriam e deixavam tudo mais leve) éramos uma ilha de paz e descontração no meio daquele deus-nos-acuda todo. Winners esperando a liberação de sua suíte presidencial, de seus lugares na primeira classe, de seu camarote vip...
Detalhe 2. para contrabalancear o bestseller da novaiorquina que eu li no carnaval, arrumei um “Assim falou Z|aratustra” para minha viagem de barco.Comecei a ler um dia antes e, logo na primeira parte, ele começa descrevendo a decisão de Zaratustra de, após anos vivendo e meditando em uma montanha, descer para viver no meio das confusões humanas e espalhar suas verdades entre eles. Daí que eu fiquei lá, entre uma brincadeira e outra com meus novos amigos, me sentindo uma espécie de zaratustra – que palerma- um ser meio superior e sabedor de verdades que me garantem a paz do andar de baixo, ali, convivendo entre os comuns, condenados ao sofrimento das redes apinhadas e do desconforto. Também fiquei imaginando que Zaratustra teria outra filosofia se ele tivesse vindo da sua montanha direto pro barco 11 de maio, Brasilsão na veia do niet ia dexá ele meio doido, o super-homem ia ser outro, com certeza.
Bom, minha soberba foi tal e tamanha que, enquanto as pessoas continuavam chegando e armando suas redes sei lá onde e acabavam de carregar a pouca carga que iria com a gente lá embaixo, subo para o bar lá de cima para tomar cerveja com a Morena e a carine, minhas duas novas amigas.
Detalhe 3: as duas estavam com suas filhinhas de quatro anos, tinham outraos dois filhos que moravam com o primeiro marido e estavam deixando o segundo marido exatamente naquele momento. Ambos tinham vindo deixá-las na porta do barco.Puta coicidencia. Daí que ficamos lá os três, elas contandos suas estórias e descobrindo as semelhanças, eu rindo de tudo aquilo e me divertindo muito. Quando desci, já meio bêbado e prevendo momentos muito divertidos durante toda viagem, o barco já havia saíodop e estava na hora de armar minha rede lá embaixo.
Não poderia ter sido mais frustrante. |Toda minha arrogância desmoronou feito um castelinho de cartas. Qunando desci lá pra baixo, o que eu vi foi um espaço abarrotado de caixas de tomate fedorento, onde cabiam pouquíssimas redes amontoadas, e que o lugar era uma espécie de sauna malcheirosa e com um barulho ensurdecedor de motor, Fora o cheiro de óleo. Quando subi, o barco estava inteiro acomodado e era impossível armar minha rede lá no meio. O que me sobrou (e para as duas também) foi armar a rede nos corredores laterais onde TODOS que andavam pelo barco passavam. Ou seja, TODAS as pessoas do barco davam uma bundadinha no mínimo leve e, na média, expressiva, digamos assim. Deixei minha perna voltada para o corredor, para ela ser alvos das incontáveis bundas, enquanto minha cabeça ficou coco com coco com uma maranhense lá. No meio é claro, os graciosos pés de uma mocinha de 16 anos, 47 (provavelmente, o que importa é a sensação) bem na minhas costelas. A noite foi beeeeeem longa. De manhãzinha, as seis mais ou menos, decobri que a tal maranhense da cabeça dura era o despertador do barco, já que ela gritava loucamente como se estivesse no quintal de suia casa. Bem no meu ouvido. È claro que a quatro crianças do pedaço acordavam e logo começavam a pular e gritar no único lugar que dava para fazer isso, no espaço do corredor, onde a única coisa que as atrapalhava era minha rede. Puxa vida, que delícia gente, vocês não imaginam... Após levantar e fazer uma meticulosa análise do espaço físico da embarcação 11 de maio, cheguei a conclusão que das duzentas e tantas redes, a minha estava tranquilamente entre as dez piores. Triste fim de para uma alma tão superior...
Característica interessante do 11 de maio é sua composição regional: 18n gringos ( a relação das outras pessoas do barco é um causo á parte, apelidos tipo “cara de minhoca” ,“o predador” e “Gugu” nasceram sem parar, fora comentários sobre a falta de banho deles, suas roupas e comportamento, uma doidera de ficar lá , meio no meio dos dois mundos – tenho que admitir, chegaram a me chamar de gringo palerma por causa da minha mochila e do cigarro de palha – vendo eles se olharem e se interpretarem.), 22 paraenses, treze maranhesnses, 2 paulistas, 7 amazonenses e 188 cearenses!! Tinha mais cearense no barco que em Fortaleza!!! Naõ só no barco como em toda região, A Amazõnia é um Ceará estendido salpicado de uns gringo cara de minhoca perdido no meio (tem muito gringo também, dá medo até)
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ResponderExcluirAHAHAHAHAHAAH! lá embaixo??? ahahaha PERTO DO MOTOR??? AHAHAHAHA winners?!? rede no corredor?!? lendo nieztsche?! ahahahahaah ...faço idéia! hehehehe
ResponderExcluirÊ Santarém! ...namorar na orla no fim de tarde! ver os botos cor de rosa perseguindo os... como chamam os peixinhos? ê santarém, tem trevo e colomy!...caldeirada de filhote, suco de cupuaçu, açaí na tigela, sorvete de bacuri... ai que saudade do pará!!!
aumenta a letra desse post! pra ele ficar perfeito, daí a gente nem liga pros erros de digitação. ótimo!
ResponderExcluirPassei mal de rir lendo esse texto. Maravilhoso, Bruninho! Que delícia de viagem, mesmo as roubadas! Na hora é trash, mas depois... Tô encantada com o jeito que você conta as coisas, com seu olhar de tudo que você tá vendo. Aproveita muito tudo! Vou continuar te acompanhando. E quem sabe uma visita...? Não sabia que meu priminho era tão bom escritor. Te amo! Beijão da sua prima preferida
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