quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Olá, após = ou - quinze dias de viagem, escrevo agora para aqueles que se interessarem, um resumido relato do que aconteceu por esses dias.

A viagem para Belém foi relativamente tranquila. Fui no ônibus de um coletivo chamado " Revolutas", um fragmeto do PSOL, se bem entendi. Durante o trajeto, o esperado, Alguns Dramins, conversas sobre marx, esquerda, evolução e salamaleques que tais, samba mal tocado, insônia a noite, bancos desconfortáveis, banhos abençoados e amizades passageiras entre passageiros ( que bosta de trocadilho!) Tinha lá o falador, o bêbado, a la dos super comportados, o fundão beberrão, o organizador gente boa e paciente, enfim, a viagem foi o que ela estava prevista para ser. Ou quase. Um acontecimento inesperado literalmente me marcou. Na segunda noite, após beber boa parte de uma garrfa de dois litros de cachaça Pitu com fanta laranja quente, uma revolucionária estudante de filosofia, resolveu dançar uma mistura de reggae com maracatu (tocavam Chico Buarque , "meu guri, ah meu guri olha aí") e em um de seus floreios fui presenteado com um senhor pisão no meu pé já inchado pela viagem. Fiquei dois dias meio mancando. Ainda bem que ela era magrinha...
O Forum foi "aquela cosa", 200 países, 4758 assuntos e 100000 pessoas andando para lá e para cá procurando alguma coisa que receio que elas não tenham encontrado.. Eu fiquei na tenda indígena na maioria do tempo e também no alojamento indígena, uma viagem, 1220 indígena de todo o brasil acampados em uma escola. Fiquei amigo de três indias cariri do Ceará, elas eram muito legais, conversamos muito e ficamos dando risada. acho que foi a parte mais legal do Forum.
Belem é quente demais, e é uma cidade grande com todas vicissitudes de uma cidade grande, seus barulhos, carros e malcheiros. Mas, como me disse algué, Belém é uma cidade improvável. O que aquele aglomerdo urbano está fazendo no meio da floresta sem fim? Essa incongruência chama atenção o tempo todo, parece que a qualquer momento o holograma virtual pode falahar e você ver a verdade, que Belèm não existe, é uma ilusão. Ilusão bem mal feita ainda por cima, é lógico que é impossível uma cidade naquele lugar, só quem é muito bobo não percebe...
O povo é muito legal, tem um jeito de nordestino com seu afeto cheio de risos e vozes altas, uma camaradagem a priori e uma intimidade imediata meio desmedida pra quem vem do sul. Mas é um povo mais tranquilo ao mesmo tempo, carrega mais ternura parece.Com certeza é a presença da água, não dá pra ser seco naquele lugar, você fica mais doce por osmose com a floresta, o rio te amolece, não tem jeito.

De Belém fui para Algodoal, uma praia meio de Água doce, meio de água salgada, bom demais para banho. o lugar tava cheio por causa do Forum e ficou um clima meio de continuação daquela doidera lá. Pra ter uma idéia fizemos um acampamento com doze pessoas, onde haviam sete países (Brasil, França, Belgica, Polonia, Canadá, Espanha E Suiça) e cinco Estados (Pará, SP, MG, Paraná e Rio). è mole? Pra dizer a verdade, já estou meio de saco cheio em conversar em anglo-franco-portunhol, o idioma de um outro mundo possível e monossilábico e participar de conversas com a profundidade de um pires sobre paisagens e comidas do mundo inteiro. Até sobre o Laos eu conversei com um canadense. é muito mundinho exótico thop thuras pro meu estilinho caipira de ser...

Gorra estou em São luís com Ana, uma amiga polonesa que se diz maranhense (?!?!?) e um amigo argentino recém chegado. São Luís é legal, o centro é bem bonito, com seus prédios coloniais caindo aos pedações e cheio de plantas saindo deles. Você fica meio hipnotizado por aqui, chega a noite voce começa a olhar meio viajandão para tudo, as pessoas, as ruas, o nada... Já tinha ouvido falar desse efeito de são Luis nas pessoas, real mesmo, o trem é mei misterioso mesmo... Deve ser bom pacaralho aqui em junho, nos festejos de São João onde saem os grupos de boi. Deve ser algo de fazer qualquer ateu entrar em crise.

Hoje estou indo para Alcantara com Fil e Ana, a antítese física de um negro quilombola. Um monte de quilombo, eu, uma polonesa e um argentino, thop thuras exótico é pouco...

Enfim, aconteceram vários pequenos episódios que valeriam a pena de ser contados mas ficaria muito grande e tal... Uma outra hora eu conto o causo do jabuti cagão e os dois piauienses, o estranho hábitos de uma polonesa de alma maranhense, e os inúmeros momentos hilários de um lugar chamado Aldeia da Paz e seu evangelismo beija flor. è cada uma viu... è isso, hasta hermanos!

3 comentários:

  1. Bom, em primeiro lugar é otimo saber que está vivo! Uma delicia poder receber umas poucas (e bem ilustradas) imagens da grande viagem.
    Um dia desses te escrevo por outras midias, que hoje já foi um dia cheio de emoções mesmo sem ter saido do butantã.
    Adorei!
    Ps:Essa de dançar reggae/maracatu com ¨meu guri¨ foi demais, haja transcendencia!

    Beijo no pé, para sarar logo.
    Li

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  2. Salve, Hermanito!!! Quando leres isto já terás sido hipnotizado pelo cor-de-rosa dos Guarás, o flamingo do Norte. E as ostras??? Coma pelo menos uma dúzia por dia por mim. O Rio te amolece? Pois tuas palavras também. Um grande abraço, Ricardo.

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  3. Salve, Hermanito!!! Quando leres isto já terás sido hipnotizado pelo cor-de-rosa dos Guarás, o flamingo do Norte. E as ostras??? Coma pelo menos uma dúzia por dia por mim. O Rio te amolece? Pois tuas palavras também. Um grande abraço, Ricardo.

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