terça-feira, 24 de março de 2009

olá.
Diretamente da sauna amazônica chamada Manaus para meus dois leitores (contando minha mãe e meu pai). puta lugar quente! Se Belém parecia uma cidade improvável, Manaus é tão urbana que improvável passa a ser a floresta em volta. no colégio, uma profesora para explicar o surrealismo deu o exemplo de uma foca na fila do banco. 'E tão fora de qualquer coisa uma foca na fila do banco, que o que passa a ser esquisito é o banco em volta da foca. manaus é mais ou menos isso. parece Sao Paulo!! No barco pra cá vim conversando com um cara da marinha, um senhor (filho de cearence, óbvio) que já rodou tudo por aqui e conhece bem tudo. Sabe a tal da Zona franca de Manaus? ë um complexo com aproximadamente (pasmem) 600 industrias!!! Dá para acreditar? 600 industrias no olho do coração da Amazônia. lógico que é uma merda né, o cara veio me explicando lá. Aliás, a viagem até aqui foi completamente diferente da outra. o barco era maior, menos pessoas, mais rápido, comida mais bem feitinha, até as pessoas eram muito mais comportadas. Tudo diferente. Em santarém fiqui sabendo que o 11 de maio é o pior barco do trecho Belem-Manaus, várias pessoas tiveram a mesma reação de "só podia ser" quando eu falava o nome 11 de maio. O pior foi o cara que me vendeu a pssagem para cá, que falou que só vende passagem pro 11 de maio se o comprador insistir muito. Vai veno...pelo que eu entndi - e vou poder comprovar , já que tenho algumas viagens anda por fazer - o padrào de viagem é muito mais parecido com a que eu fiz até Manaus. Bem mais digna... e chata!!!
Dexa eu falar um negócio sobre santarém que eu esqueci da outra vez. A cidade é linda, clima ótimo, o Tapajós e maravilhoso, delícias culinárias, o povo massa - cearense de água doce - e tal e tal. Só que eu esqueci de citar um "detalhe" que chama a atençào na paisagem da cidade: um sojioduto enorme da Cargill que sai do porto para uma estrutura também enorme para embarque do grão. Na época da colheita me falaram que fca uma nuvem de fertilizante sando do tal sojioduto e que ningu'm perto respira direito. O vento leva a tal nuvem direto prum bairro da cidade que já começou a apresentar os primeiros problemas de saúde devida a fumaça.
Dai que eu cheguei em Manaus e me despedi do conhecedor lá e das minhas outras duas amigas que fiz no barco - foram criadas no interior de Santarém, no "sítio" e ficaram me contando da vida lá, um barato eu devo fazer cara de super intressado quando o povo come'ça a contar essas estórias porque eles não param mais. Aliás, qulquer hora dessas vou escrever sobre minha pesquisa despreocupada (pesquisa em rede) sobre a relação entre generos no Brasil de cima. Do reggae de Sao Luis, passando pelos corredores da casa de Batisá em Alcantara, pelas noites no 11 de maio e por todas inúmeras conversas "em rede" com o povo que mora aqui, a conclusão é a mesma:não fui criado no mesmo país , nasci e me criei na Noruega onde somos sensatos, ecológicos, conscientes, super conversamos e gozamos muuuuuuuito menos. Girando em torno de tres temas fundamentais: ser corno, ser baitola e ser rapariga (romanticos, feministas e revolucionarios, tremeis!!) a trama míudas da relaçoes aqui de cima desobedece todos os preceitos canonicos da boa vida burguesa. E dá-lhe Calypso!! Ah se o Zaratrustra tivesse acabado por aqui viu. Acho que aquele simbolo do nazismo ia, no mínimo, ser mais redondinho...
Voltando ao barco, cheguei em Manaus, comi um tucunaré ouvindo as boas vindas de um pernambucano e fui correndo ate o outro porto tentar pegar um barco pra sao gabriel. Isso era sabado. os barcos tinham saído na sexta, agora só na outra. o tempo da Amazonia e outro capitulo a parte, com certeza todo mundo já ouvu o papo de que"na amazonia o tempo é outro", ""as distancias são enormes" e sei la mais o que. Voce só entende realmente isso quando está aqui. Perdeu o barco? Só daqui a uma semana, qualquer lugar, quinze horas é do lado, e chove, e as coisas não secam, e as informações não batem e os rios sao enormes e as palmeiras também, e voce sua e a roupa não seca, e agora vai! chove, para tudo de novo, recomeça...tenho duas hipóteses: a primeira é que eu ainda nao entrei nesse ritmo e acabo ficando mais incomodado do que deveria. Com certeza isso é verdade, mas acho que tem uma outra coisa que também conta, mas só vou saber la em sao gabriel. dai eu conto.
Aqui em Manaus estou ficando na casa da Fafa, uma amiga da Bau. Ela é muito legal, nunca me viu e esta me recebendo muito generosamente, é diretora de uma unidade de conservaçao aqui de "perto" e tem conversado muito comigo do seu trabalho e da sua vida no Amazonas. Para se ter uma idéia desse negócio do tempo, ela e o Juça (seu marido que eu nao conheci por que ele esta trabalhando em campo, mas segundo a lidia que estava aqui hoje é mais gente boa ainda que a fafá) trabalham os dois aqui em Manaus e direto viajam e ficam 15, 20 dias sem pisar em casa.Conheci outras pessoas aqui que também sao assim, e meio normal para quem trabalha com ambientalismo por aqui, essa vida estendida,é o tal do tempo amazonico... Pior é els contando que tem que explicar isso pros burocrata doonos das grana dos projetos que estào em Brasília, em Sao Paulo...
Resumindo (depois de muito escrever), o tempo amazonico esta me segurando em Manaus, para diminuir meu tempo nessa cidade das 600 fabricas, vou amanhà (será?) para Barcelos que é no caminho de sao Gabriel e é super bonita e devo chegar em sao gabriel entre sabado e domingo ou segunda (tempo amazonico, tempo amazonico, é tipo um mantra, da pra passar o dia repetindo, o pessoal comenta que ate os relogos aqui se enganam, entre um nascer do sol e outro eles ja deram mais que duas voltas, o dia aqui tem entre 25 e 32 horas européias, depende da chuva e do tanto de roupa que deve permanecer enxarcada) e dai parar um tempinho maior. La em sao gabriel é tudo muito mais pertinho e vai ser mais tranquilo, a média de distncia das aldeias é só tres dias de barco... Por enquanto é isso intão.
Ah, um dos acontecimentos do 11 de maio. uma série de roubos, tênis, relógios, carteiras, celulares, malas inteiras!!! e minha recém desvirginada maquina fotográfica. Devo confessar que fiquei aliviado. Ainda bem que foi baratinha. Talvez eu arrume uma em sao gabriel. Inté intão.

2 comentários:

  1. Só para não se sentir tão solitário, aqui há leitor para os seus pensamentos e impressões.
    Estou adorando essas histórias todas. Ou melhor, estórias.
    Beijão

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  2. Boa noite.
    Que viagem! Também fui para Belém... mas nunca tive oportunidade de conhecer a sauna-Manaus.
    Adorei o texto.
    Forte abraço,
    Ulysses Bôscolo.

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